sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Fósseis e Fossilização

  Os fósseis são restos de seres vivos ou vestígios de actividades biológicas conservados em sistemas naturais, ou seja, processos de preservação que não resultam da acção antrópica. Testemunhos da vida "miraculosamente" preservados ao longo dos tempos geológicos, permitem a descoberta da sua origem e das linhas evolutivas dos seres vivos. A palavra "fóssil" deriva do termo latim fossilis que significa "desenterrado" ou "extraído da terra", e a ciência que os estuda é a Paleontologia.

Fóssil de anfíbio, Oceanário Lisboa.
  O registo fóssil pode ser conhecido como a totalidade dos fósseis e a sua colocação nas formações rochosas e camadas sedimentares. A esmagadora maioria é constituída por fósseis mais duros e resistentes à decomposição e erosão, do tipo de partes esqueléticas biomineralizadas (dentes, conchas, carapaças e ossos).

  Existem dois tipos básicos de fósseis:
  • Somatofóssil: restos somáticos (do corpo). Ex: fósseis de dentes, carapaças, folhas, conchas, troncos, etc.
  • Icnofóssil: vestígios de actividade biológica de organismos (estrutura biogênica). Pode definir o animal que a produziu, ou mesmo caracterizar o meio ambiente (habitat) existente na época em que ocorreu a sedimentação. Ex: fósseis de pegadas, casca de ovos, excrementos (coprólitos), secreções urinárias (urólitos), túneis e galerias de habitação, etc. 

  Tudo pode fossilizar, contudo a preservação de matéria orgânica ou de restos esqueléticos delicados requerem condições de fossilização fora do comum, devido à sua decomposição pela acção combinada de organismos, agentes químicos e agentes físicos, e a se destruírem rapidamente. Em qualquer circunstância, para que haja condições de fossilização é fundamental que os restos de um qualquer organismo sejam rapidamente cobertos por um material que os preserve, geralmente sedimento. Assim, existem diversos processos de fossilização:
  • Mumificação ou conservação:  processo mais raro de fossilização. Pode ser Total, quando o ser vivo é envolvido por uma substância impermeável (ex: resina, gelo) que impede a sua decomposição, ou Parcial, quando as formações duras (carapaças, conchas, etc) de alguns organismos permanecem incluídas nas rochas por resistirem à decomposição.
  • Mineralização ou petrificação: consiste na substituição gradual dos restos orgânicos de um ser vivo por matéria mineral, ou na formação de um molde desses restos, mantendo as características. Ocorre quando o organismo é coberto rapidamente por sedimento após a morte ou após o processo inicial de deterioração. O grau de deterioração ou decomposição do organismo, quando recoberto, determina os detalhes do fóssil. Depois de coberto com camadas de sedimentos, as mesmas compactam-se lentamente até formarem rochas, podendo os compostos químicos destas serem lentamente trocados por outros compostos. Ex.: carbonato por sílica.
  • Marcas:  tipo mais abundante de fossilização, uma vez que vestígios deixados pelos seres vivos são o mais fácil e simples de ocorrer. Ex: pegadas e ovos de animais. 
  • Moldagem:  desaparecimento total das partes moles e duras do ser vivo, preservando nas rochas um molde das partes duras. O molde pode ser Externo, quando a parte exterior do ser vivo desaparece deixando a sua forma gravada nas rochas que o envolveram, ou Interno, se os sedimentos entram no interior da parte dura e, quando esta desaparece, fica o molde da parte interna.
        O  contramolde é o preenchimento de um molde (interno ou externo), dando origem a uma réplica do elemento original mas constituída por material distinto do inicial.



      Os fósseis da mesma idade que caracterizam os estratos ou conjunto de estratos, podendo encontrar-se em regiões diferentes devido a discordâncias de sedimentação ou erosão, são chamados de Fósseis de Idade ou Fósseis Característicos. Estes são muito importantes para a datação relativa de formações geológicas, uma vez que os estratos que apresentem o mesmo conteúdo fossilífero são considerados da mesma idade. Para serem considerados bons Fósseis de Idade é necessário que apresentem características que permitam enquadrar-se neste grupo, que são as seguintes:
    1. Evolução rápida e curta distribuição temporal - um fóssil só é característico de um dado tempo geológico,se o intervalo entre o seu aparecimento e a sua extinção for curto.
    2. Ampla distribuição geográfica - podem ser encontrados em diversos locais e permitem comparações entre estratos geológicos distantes. Um grupo fóssil com uma distribuição ao nível local tem interesse limitado.
    3. Ocorrência em abundância - quanto maiores as populações dos seres vivos, maior será a probabilidade de se formarem fósseis e ocorrerem no registo geológico.
    4. Estruturas fossilizáveis - a fossilização de um organismo depende em grande medida da presença de estruturas rígidas (conchas, carapaças, dentes ou ossos). Se um determinado grupo de organismos obedecer às três condições anteriores mas não possuir estruturas endurecidas, a probabilidade de vir a integrar o registo fóssil é bastante mais reduzida.

    Amonites do Jurássico Superior da Alemanha (185 Ma), Museu de História Natural de Lisboa.

      Segue-se um lista de fósseis de idade segundo a sua idade geológica característica:

    Pré-câmbrico
    Estromatólitos

    Paleozóico
    Trilobites
    Graptólitos
    Goniatites
    Braquiópodes (alguns géneros)
    Arqueociatídeos

    Mesozóico
    Amonites
    Rudistas
    Braquiópodes (alguns géneros)
    Dinossauros

    Cenozóico
    Mamíferos
    Foraminíferos planctónicos



      Existem ainda os "Fósseis vivos", termo informal para designar organismos pertencentes a grupos biológicos actuais que são os únicos representantes dos grupos de grande expansão e diversificação no passado geológicos da Terra e que hoje se encontram reduzidos a um pequeno número de indivíduos (espécies e géneros). Estes organismos apresentam, frequentemente, aspectos morfológicos muito similares aos dos seus "parentes" mais antigos, preservados sob a forma de fósseis no registo geológico.
      Estes "fósseis" não são organismos parados no tempo, são organismos distintos dos do passado, pertencentes a espécies distintas das representadas no registo fóssil, mas morfologicamente muito similares.

     Nautilus, Nautilus pompilius (no sudoeste do Oceano Pacífico), representa o único membro vivo da subclasse Nautiloidea (abundante no inicio da era Paleozóica).




    Bibliografia:

    1 comentário:

    1. Obrigado, e aproposito; vocês estão de parabéns pelo ótimo trabalho.

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