O termo Fácies deriva do latim, facia ou facies, que significa aparência externa, aspecto, que segundo o Código Estratigráfico Internacional está definido como “aspecto, natureza ou manifestação de carácter (que normalmente reflecte condições de génese) de camadas de rochas ou de constituintes específicos de camadas de rochas, independentemente do tempo de origem”.
O conceito tem vindo a ser bastante alargado (litofácies, biofácies, fácies mineralógica, fácies marinha, fácies vulcânica, fácies boreais, etc). Em regra, o termo fácies é usado para:
- Caracterizar um tipo de rocha ou uma associação de rochas (litotipo), considerando qualquer aspecto genético, composicional, químico ou mineralógico, morfológico, estrutural ou textural distintivo, para fins de referência durante um estudo geológico.
- Caracterizar as rochas de um dado ambiente.
- Dar conotação ao tipo de ambiente onde se está a formar, se formou ou se transformou a rocha. Exemplos: fácies pelágico, fácies vulcânico, fácies metamórfico, fácies lacustrino.
Em Estratigrafia, o termo corresponde aos seguintes significados:
- Aparência de um corpo rochoso;
- Composição ou natureza actual de um corpo rochoso;
- Corpo lítico em si mesmo, identificado pelo seu aspecto ou composição;
- Ambiente em que corpo lítico se formou.
A principal fáceis utilizada em Estratigrafia e Paleontologia é a Fáceis Sedimentar, definida como a característica especifica das rochas sedimentares onde se transmite informação da formação das mesmas (processos de transporte, deposição e/ou diagenese próprio de um determinado ambiente ou bacia sedimentar). Esta, pode agrupar diferentes litologia partindo do princípio que os diferentes tipos litológicos representam vários sub-ambientes de um ambiente sedimentar que pode ser bem caracterizado.
Segundo Selley (1970): "representam conjuntos de rochas sedimentares que podem ser definidos e separados de outros pela sua geometria, litologia, estruturas sedimentares, distribuição de paleocorrentes e fósseis".
O conjunto de materiais sedimentares pode ser distinguido dos outros (depositados ao mesmo tempo e em ambientes distintos) através das suas características litológicas e paleontológicas. Assim, diferentes fáceis podem indicar diferentes ambientes sedimentares. Ex: Fáceis de granoselecção em arenitos indica correntes turbiditicas; fáceis conglomeráticas podem indicar ambientes de canhões submarinos.
Segundo Weller, o termo fácies pode ser aceite como referindo-se a rochas ou sedimentos, aos seus aspectos, composição ou ambientes de génese. Em 1960, este, elabora a seguinte Classificação geral:
Tipo I: Fácies Petrográficas, definidas com base no aspecto ou composição petrográfica.
- Classe 1 - fácies generalizadas, constituídas por todas as rochas de um determinado tipo.
- Classe 2 - fácies constituídas por corpos de rochas com forma, extensão e relações mútuas indefinidas.
Tipo II: Fácies Estratigráficas, que são corpos líticos com forma variada, composição característica e separados de outros pelas suas relações tri-dimensionais (limites e relações estratigráficas).
- Classe 1 - unidades litostratigráficas convencionais (Formação, etc.). Distintas verticalmente, os limites entre fácies adjacentes são planos horizontais e as relações laterais são indefinidas.
- Classe 2 - partes de uma unidade estratigráfica que variam lateralmente de modo gradual. Os limites verticais são planos bem definidos.
- Classe 3 - partes de uma unidade estratigráfica com limites laterais irregulares, interligando-se com fácies vizinhas (litosomas).
Nota: Frequentemente estas três classes de fácies estratigráficas passam, gradualmente, de umas às outras.
Tipo III: Fácies Ambientais, definidas com base no ambiente de génese dos corpos líticos. O ambiente é tomado em sentido amplo: litológico (nomeadamente sedimentológico), biológico, tectónico, etc. Este tipo de fácies é o que mais se aproxima da definição clássica baseada no aspecto, ou características de uma dada rocha.
A forma pela qual as fácies se associam e sucedem é dada pela Lei de Correlação de fácies de Walther (1894): “Uma sequência vertical de fáceis é originada por sequências laterais de fáceis de ambientes”.
Esta Lei diz-nos que as fáceis que existiam justapostas na paisagem no momento do seu depósito, apresentam-se sobrepostas verticalmente (em continuidade) numa série geológica, que por sua vez também existem lateralmente.
Bibliografia:
A forma pela qual as fácies se associam e sucedem é dada pela Lei de Correlação de fácies de Walther (1894): “Uma sequência vertical de fáceis é originada por sequências laterais de fáceis de ambientes”.
Esta Lei diz-nos que as fáceis que existiam justapostas na paisagem no momento do seu depósito, apresentam-se sobrepostas verticalmente (em continuidade) numa série geológica, que por sua vez também existem lateralmente.
- Representa uma relação entre evolução no tempo (permanência das condições de sedimentação) e variação no espaço (diversidade de fácies).
- Admite ambientes de erosão, equilíbrio e de deposição, e considera como parte integral da sequência de fáceis os intervalos intra formacionais de erosão.
- Da migração progressiva dos meios de deposição, no decurso dos processos de transgressão e de regressão, resulta a sua sobreposição.
- Linhas de “igual-fácies” ou de isofácies são oblíquas às linhas de tempo, mudando a idade de qualquer camada ou Formação de ponto para ponto.
Bibliografia:
- Consultado em http://vsites.unb.br/ig/glossario/ (Lei de Walther e Fáceis Sedimentares), a 12.11.2010;
- "Estratigrafia" por João Pais, FCT - UNL;
- Sebenta de Petrologia Sedimentar e Sedimentologia, por Ricardo Manuel (2009);
- Apontamentos tirados nas Aulas de Petrologia Sedimentar e Sedimentalogia leccionadas pela professora Beatriz Marques, FCT - UNL (2009).
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