sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Qual o fóssil mais antigo encontrado?

   Sue é o Tyrannosaurus rex mais completo encontrado até hoje. Com cerca de 67 milhões de anos de idade, Sue é considerada uma “criança” em comparação com fósseis como os estromatólitos que, com cerca de 3,45 bilhões de anos, são 50 vezes mais velhos.

Estromatólitos.
   J. William Schopf, o primeiro paleobiólogo a descobrir estes fósseis (em 1993 na Austrália Ocidental), coloca as coisas de uma perspectiva clara no seu livro "Cradle of Life: The Discoveries of Earth's Earliest Fossils.":

Se a história da Terra fosse comprimida num dia de 24 horas, os humanos teriam chegado no último minuto do dia. Em comparação, os estromatólitos já estariam por ali à mais de 18 horas.”

   Os estromatólitos nunca fizeram parte de um organismo vivo, desenvolveram-se a partir de um “molde” composto por finas camadas de sedimento e carbonato de cálcio acumulado em redor de complexas colónias de cianobactérias (algas azuis) e de outros organismos unicelulares, preservando a sua forma. O seu processo de formação é muito lento, chegando a durar milhares de anos. Felizmente, ainda existem estromatólitos de cada período geológico, em que ao se dissecar e explorar cuidadosamente essas estruturas, permite que os cientistas tenham acesso a algumas das únicas pistas sobre como eram as primeiras vidas na Terra.

Cianobactérias.
   A Terra era totalmente inabitável depois de se ter formado, e só depois da superfície terrestre ter arrefecido e solidificado em placas continentais é que apareceu o primeiro microorganismo. Entre os mais significantes estavam as cianobactérias, que prosperaram em bacias rasas de água salgada onde, apesar de estarem protegidas dos raios solares intensos, ainda ficavam perto da superfície devido a dependerem do sol para a fotossíntese. Com o passar do tempo, formou-se uma incrível variedade de estromatólitos em redor dessas colónias de cianobactérias e outras formas de vida primárias. A espantosa complexidade dessas estruturas é a melhor prova de que elas eram cheias de vida, caso contrário não se teriam formado.

  A descoberta destes estromatólitos foi de extrema importância por inúmeras razões. Quando Darwin propôs a teoria da evolução pela primeira vez, ele reconheceu que as lacunas nos registos fósseis representariam uma ameaça à sua afirmação de que toda a vida se teria originado do mesmo e distante ancestral. Alguns chegaram a pensar que as provas para essa “falha” entre a vida como a conhecemos e as primeiras formas de vida nunca seriam descobertas, possivelmente por terem sido destruídas durante as Eras de violentos terremotos e erosões, mas a descoberta de Schopf mudou as coisas.

  Os biólogos finalmente tiveram acesso a provas conclusivas sobre quando e quais foram os primeiros tipos de vida que habitaram a Terra, existindo hoje uma ideia melhor concebida de como a vida evoluiu. A atmosfera terrestre durante o período Arqueano, quando as cianobactérias e outras formas de vida primárias apareceram, era composta de metano, amónia e gases que seriam tóxicos para a maioria das formas de vida que conhecemos hoje. Actualmente, os cientistas acreditam que organismos como cianobactérias foram responsáveis por produzir oxigénio através da respiração anaeróbica.

  Apesar de estromatólitos ainda continuarem a formar-se em alguns lugares, como o Parque Nacional Yellowstone (EUA) e a região das Bahamas, eles já não são tão facilmente encontrados. Se não pudermos proteger estas formações incríveis, pode ser que se venha a perder para sempre um dos guardiões mais precisos e diligentes dos registos do nosso planeta.


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Bibliografia: